Autor(es): Giovana Girardi, enviada especial / Manaus - O Estado de S.Paulo
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem que o governo federal tem de "continuar firme" em defesa do Código Florestal e defendeu o desmatamento zero. O tucano disse, ainda, que o debate sobre meio ambiente é nacional e não partidário."Tem de manter de toda a maneira as restrições para preservar o meio ambiente", afirmou durante o 3.º Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus, onde fez uma apresentação sobre os desafios do desenvolvimento sustentável.
Fernando Henrique disse temer as pressões políticas durante a votação do projeto diante do cenário conturbado com a base aliada.
"Tenho medo que a votação seja utilizada para outros fins que não de dizer se é bom ou mau. Nessa matéria acho que a gente tinha de ter uma posição de convergência nacional. Se é meio ambiente, é uma discussão nacional, não de partido."
Rio+20. Para o ex-presidente, os problemas ambientais devem ser o foco da Rio+20. "A questão social está ligada à questão ambiental, mas tem de fazer essa ligação. Na África, em Durban (na conferência do clima da ONU no ano passado), os africanos insistiram na pobreza, na questão social, e isso vai aparecer no Rio, mas não podemos perder o foco. Se não cuidarmos do ambiente, quem vai pagar o pato são os mais pobres. A questão central é a do efeito estufa, não temos políticas adequadas até hoje para compatibilizar desenvolvimento e respeito ao ambiente. É uma questão moral, e por isso política."
Desmatamento zero. O ex-presidente citou experiências bem sucedidas para defender o desmatamento zero.
"Não há por que se aceitar o desmatamento como uma técnica de utilização da floresta. Existem experiências com comunidades extrativistas que demonstram que se pode conviver com a floresta e dar sentido econômico a ela, sem destruí-la. A Amazônia não é só floresta, pode-se plantar onde não tem floresta. Mas, onde tem um bem tão grande, é melhor manter a posição mais estrita", afirmou o Fernando Henrique.
Segundo ele, a sociedade brasileira ainda não "entronizou" a consciência ambiental.
24/03/2012
Fonte: O Estado de S. Paulo
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